Empreendedorismo Social

  Empreendedorismo Social



1) O Que é o Empreendedorismo Social?

Empreendedorismo social é um conceito que possibilita a construção de negócios cujo maior impacto são melhorias na sociedade. Ou seja, essas empresas existem, principalmente, para promover soluções que geram mudanças na realidade de pessoas e/ou comunidades vulneráveis. Elas podem fazer isso oferecendo capacitação, emprego, oportunidades de tratamento de saúde, atuando na preservação ao meio ambiente, entre outras frentes. 

Diante dessa explicação, você deve estar se perguntando: qual a diferença entre essas iniciativas e o trabalho de organizações do terceiro setor. Embora lutem por causas em comum, o empreendedorismo social não depende somente de doações para sobreviver. Parte ou o total de suas receitas vêm de produtos e serviços, assim como em qualquer outra empresa. No entanto, esse modelo não tem o lucro como objetivo central, e, sim, o valor agregado a uma sociedade. Enquanto o empreendedor “comum” cria um negócio para obter lucro, atendendo uma demanda do mercado, o empreendedor social toma uma iniciativa para resolver um problema, atender uma necessidade social, normalmente percebida em sua localidade, na comunidade onde ele vive e ou trabalha. Com o passar do tempo, tal iniciativa pode vir a se tornar um negócio, que não exclui a obtenção de lucro, mas isto é mais uma decorrência do que uma primeira intenção. Também é importante diferenciar o empreendedorismo social das ações de responsabilidade social, que são encabeçadas por empresas. Essas campanhas costumam beneficiar comunidades de maneira pontual, por exemplo, entregando cestas básicas na época do Natal. 

Contudo, elas não necessariamente sustentam transformações mais profundas, que consigam mudar a condição desses indivíduos, dando suporte para que tenham a própria renda. Já o empreendedorismo social existe justamente para promover essas mudanças, sendo realizado de modo contínuo e bem estruturado. Por fim é importante salientar o caráter local do empreendedorismo social. É comum que a história da iniciativa de um empreendedor social esteja ligada a um problema que uma pessoa/grupo enxergaram em suas comunidades. E, a partir disso, buscar uma solução que beneficie a todos. O problema pode até estar presente em outros locais e, assim, a solução ser “escalável”. Mas o início é quase sempre local.



2) O que é ser um Empreendedor Social?

Ser um empreendedor social é estar à frente de uma iniciativa de empreendedorismo que agregue valor social. Na prática, significa utilizar as características e ferramentas do empreendedorismo para viabilizar um negócio de impacto socioambiental.


Veja o que diz Klaus Schwab, idealizador da Fundação Schwab – organização que auxilia modelos inovadores nesse campo:

“Empreendedores sociais são pioneiros em abordagens mais sustentáveis e inclusivas para modelos de negócios. Essas pessoas têm provado como empregados, clientes, fornecedores, a comunidade e o meio ambiente podem ser beneficiados quando todas as partes interessadas estão envolvidas na criação de valores socioeconômicos.” 


Nesse sentido, a fundação cita estratégias empregadas por esse líder:

 Proposta de criação de ideias úteis para resolver problemas sociais, combinando práticas e conhecimentos de inovação, produzindo novos procedimentos e serviços; 

 Criação de parcerias e formas/meios de auto sustentabilidade dos projetos; 

 Transformação das comunidades graças às associações e parcerias estratégicas; 

 Utilização de enfoques baseados no mercado para resolver os problemas sociais; 

 Identificação de novos mercados e oportunidades para financiar uma missão social.


3) Qual a função do Empreendedor Social


O empreendedorismo social surgiu para suprir necessidades que não são cobertas pelo Estado, atendendo, em especial, demandas de populações vulneráveis. No Brasil, esse campo ganhou força a partir dos anos 1990, quando houve considerável redução de investimentos públicos na área social e o aumento da presença e influência da sociedade civil organizada. Desde então, empresas passaram a dar mais atenção ao seu papel na sociedade, implementando atividades de responsabilidade social. Nesse cenário, emergia, também, o empreendedorismo, que corresponde a uma nova forma de pensar a gestão das empresas, elevando sua flexibilidade e competitividade no mercado. Não demorou muito para que esses conceitos se misturassem, utilizando a capacidade empreendedora para solucionar um dos principais problemas de ONGs e outras entidades focadas apenas no campo social: o levantamento de recursos financeiros. Ainda que, no país, existam opções variadas para captar os valores necessários para que essas instituições funcionem, eles ficam limitados por burocracia e dificuldades, por exemplo, para levar as ações ao conhecimento de possíveis colaboradores. Considerando o contexto do empreendedorismo, que nasce para propor soluções diferentes a questões antigas, fez todo o sentido empregar esse raciocínio para resolver a demanda financeira. Em vez de concentrar os esforços na sensibilização de comunidades e na captação de recursos junto a governos e fundos de incentivo, os empreendedores sociais forjaram sua própria fonte de renda. Dessa forma, aliaram itens comerciais e auxílio à população, com o objetivo de formar negócios autossustentáveis. 

Claro que pode ser interessante captar recursos de outros fundos em algumas ocasiões, como na expansão da iniciativa ou durante grandes campanhas, mas é possível sobreviver de forma menos dependente das doações. É perfeitamente possível escalar no empreendedorismo social e é até desejável, uma vez que soluções e iniciativas bem sucedidas em uma comunidade podem ser adotadas em outras localidades, potencializando muito os seus benefícios. Um dos caminhos para esta escala é o trabalho em rede, algo ainda pouco praticado na sociedade civil organizada, uma vez que as OSCs, muitas vezes, operam isoladas, quando poderiam se beneficiar muito – e beneficiar seu público – por um trabalho conjunto com suas organizações irmãs. Outro caminho para dar escala a iniciativas bem sucedidas é por meio das estratégias de responsabilidade social das empresas.

Quando uma empresa toma uma iniciativa ou um projeto que ela apoia em uma comunidade e a leva para ser replicada em outra, ela está ampliando o leque de suas ações sociais. Com isso beneficia outras localidades, com a vantagem de oferecer algo já testado e de êxito comprovado. Estes dois caminhos, trabalho em rede e estratégias de responsabilidade social empresarial, têm um potencial enorme de ampliar os efeitos de iniciativas sociais locais. 

Além de beneficiar pessoas em situação de vulnerabilidade, os empreendimentos que focam na missão social contribuem para a satisfação e realização pessoal de gestores e funcionários. Isso porque seu trabalho alinha carreira e propósito de vida, agregando um sentido nobre às atividades profissionais.


4) Qual a Importância e o impacto para a Sociedade?

Empreendedores sociais têm feito a diferença na vida de várias comunidades espalhadas pelo mundo. Seus projetos levam alimentos, melhores condições de vida, profissionalização, informação e cultura, contribuindo para o bem-estar social e preservação de ecossistemas naturais. Na atual Era da Informação, essas ações se destacam por unir inovação, transformação digital e geração de valores à sociedade, ultrapassando objetivos puramente voltados ao lucro. 

Hoje podemos enxergar dois movimentos. O primeiro é já termos empreendedores que começam um negócio com um propósito social, sem passar necessariamente pelo estágio de uma iniciativa sem fins lucrativos. Este tipo de negócio social tende a crescer expressivamente. Em paralelo, vemos organizações da sociedade civil, as OSCs, buscando ampliar seus meios de sustentabilidade, criando ou ampliando a oferta de produtos e serviços. Também esta tendência tende a se fortalecer, uma vez que é muito difícil sustentar uma organização apenas por conta de doações. Afinal, o IPEA aponta a existência de mais de 780 mil OSCs, no Brasil. Ainda que as doações venham a aumentar de forma significativa, fica muito difícil atender as necessidades de manutenção de todo este contingente. Como você deve imaginar, é difícil medir os efeitos de cada empreendimento, principalmente daqueles de atuação local, mas existem estimativas. 

Uma das mais recentes foi divulgada em reportagem do portal UOL, mostrando que as ações impactaram 622 milhões de indivíduos nas últimas duas décadas. Esse dado consta em relatório da Fundação Schwab, lançado durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, realizado entre 21 e 24 de janeiro de 2020. Como explicamos acima, a fundação dá suporte ao trabalho de empreendedores sociais, que estão localizados em 190 nações. Os projetos levaram à distribuição de US$ 6,7 bilhões entre comunidades vulneráveis. Também conseguiram importantes conquistas em prol do meio ambiente, como a redução da emissão do CO2 – e, por consequência, diminuição do efeito estufa e do aquecimento global -, evitando que 192 milhões de toneladas desse gás chegassem à atmosfera.


ATIVIDADE

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